Com as emoções instáveis que acompanham a gravidez, às vezes é muito difícil não ficar estressada com situações pontuais ou ser emocionalmente afetada pelo ambiente ao redor. Mas você sabia que o estresse pode afetar o desenvolvimento do seu bebê, prejudicando até mesmo a vida adulta do pequeno?
Um projeto realizado pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) acompanhou 900 mulheres grávidas e integrantes da classe C do distrito do Butantã com o objetivo de investigar como as condições estressoras do ambiente podem impactar as crianças, desde o ambiente intrauterino até os dois anos de idade.
Foi constatado que, durante a gestação, 29% das mulheres tiveram depressão, 27% sofreram algum tipo de violência, seja física, psíquica ou sexual, 16% apresentaram ansiedade e 4% dependência de álcool ou drogas. Tais condições detectadas pelo estudo estão associadas ao aumento do atraso do crescimento uterino dos bebês, ou seja, eles permanecem com o peso e a altura abaixo do esperado para a idade gestacional em que nasceram.
E os impactos negativos não param por aí! Também foi constatado que crianças nascidas nestas condições podem ser prejudicadas na vida adulta por aumentar as chances de desenvolverem doenças como hipertensão, diabetes, obesidade e transtornos mentais.
A importância da saúde psicológica na consulta pré-natal
Assim que a mulher decidir que deseja engravidar, as consultas de pré-natal devem ter início. Durante estas consultas, a gestante pode tirar todas as suas dúvidas e averiguar se alguma doença ou condição prévia podem afetar sua própria saúde ou a do bebê. O ginecologista irá realizar um exame clínico, verificar batimentos cardíacos do bebê e pressão arterial, peso da paciente e acompanhar as queixas comuns da gravidez, permanecendo atento às condições externas, histórico da paciente e mudanças relatadas pela mamãe.
São recomendadas no mínimo seis consultas pré-natais ao longo da gestação, mas o mais indicado é ir ao médico mensalmente até o sétimo mês da gravidez e, a partir do oitavo mês, consultar-se quinzenalmente. Após o oitavo mês, as idas ao médico especialista devem ocorrer semanalmente.
No entanto, um dos problemas levantados no estudo realizado pela FMUSP é que, atualmente, as consultas no Brasil têm como foco as questões biológicas da mãe e do bebê e não levam muito em consideração outros aspectos importantes da vida das gestantes, como a ocorrência de violência física, sexual e psicológica ou o convívio com transtornos psicológicos, como a depressão e a ansiedade.
Cuide da saúde do seu pequeno!
O Projeto Butantã – Novas Ferramentas na Compreensão do Desenvolvimento Infantil: a Interação gene-ambiente e a Conectividade Neuronal também constatou que crianças com 6 meses de idade apresentavam um atraso na linguagem de 8%, no desenvolvimento motor de 11% e cognitivo de 3%, sendo a depressão e o uso de álcool e drogas durante a gestação uma contribuíram significativa para esse atraso.
Além de todas as informações mencionadas anteriormente, vale ressaltar que mães com depressão ou histórico de abuso de álcool e drogas costumam não se cuidar da maneira adequada, portanto vão menos ao pré-natal e podem não adotar hábitos cotidianos saudáveis tanto para si quanto para os bebês. Por isso, é sempre importante lembrar que a gestação e a maternidade como um todo são processos que também interferem na vida dos pequenos, então todo mínimo cuidado importa e pode fazer a diferença para que seu filho tenha uma vida mais saudável e tranquila. Cuide da sua saúde e do seu bebê também!